O capitão-tenente McClusky comandava 32 bombardeiros SBD Dauntless oriundos do Entreprise, do Hornet e do Yorktown, quando repentinamente vislumbra do alto o grosso da coluna nipónica de porta-aviões em operações contra o Atol de Midway. Os nipónicos não suspeitavam da presença das “Task Force” 16 e 17, comandadas respectivamente pelos almirantes Fletcher e Spruance.
Os pilotos sabiam bem o que fazer, todos se lançaram ao ataque. McClusky e o seu camarada Massey pensaram certamente que cada piloto conhecia de cor a missão a cumprir. O mergulho foi imediato, McClusky e 24 outros SBD não deram tempo para que os Zero que aqueciam os motores nos convés de voo levantassem.
Quatro bombas explodem ruidosamente entre os aviões municiados e abastecidos no enorme Kaga de 32 mil toneladas, incendiando as mangueiras de combustível.
A esquadrilha do tenente Galager seguiu os aviões de McClusky, mas vê no gigantesco Akagi de 42.750t de deslocamento máximo um Zero já a mover-se para se elevar para os ares. Umas voltas na manete e chovem as bombas de mil libras no convés de voo que destroem três Zeros e 18 Aichi que se preparavam para atacar os porta-aviões americanos que os japoneses souberam que estavam no mar, mas a 175 milhas de distância, porque pouco tempo antes rechaçaram um ataque de aviões torpedeiros.
Segundos depois, o tenente Leslie com 17 SBD lança-se ao porta-aviões Soryu que procurava evadir-se, mas três bombas de mil libras transformam-no num inferno flutuante com bombas e depósitos de combustível a explodirem quase em simultâneo. No hangar da coberta, nove aviões transformam-se em tochas vivas.
Em apenas cinco minutos, os japoneses perderam a Batalha de Midway. E muito mais que isso, perderam a segunda guerra mundial. Passou-se tudo entre as 10h22 e as 10h27 do dia 4 de Junho de 1942. Algumas horas depois, o porta-aviões Hyriu sofre a mesma sorte, não sem que antes os seus 18 Aichi D3A e o ainda experimental Yokosuka D4Y1 conseguissem destruir quase completamente o Yorktown.
Porta-aviões japonês Kaga a arder.
Os cinco minutos de Midway foram a batalha decisiva que Yamamoto tanta ansiava, mas não em seu desfavor. A partir daí nunca mais os japoneses tiveram o poder nos mares e não dispunham de uma gigantesca indústria que pudesse construir novos navios em pouco tempo, enquanto os americanos já tinham nos estaleiros os primeiros porta-aviões da série de 26 unidades da classe Essex, os nove Independence, os 50 Casablanca, os 11 Blogue, os 4 Sangamon e os 23 Commencement Bay. 123 novos porta-aviões estavam na calha, mesmo que a maior parte de tamanho mais reduzido, mas nada que o Japão pudesse emular.
Pode mesmo dizer-se que aquele 4 de Junho de 1942 determinou o destino dos EUA como a maior potência militar do Mundo até aos dias de hoje. Claro, graças à sua capacidade industrial e se não fossem aqueles cinco minutos naquele dia seriam outros.
Se a sorte da batalha tivesse sido favorável aos japoneses, a situação não teria sido muito diferente. Provavelmente, o contra-ataque americano seria mais tardio, a guerra era capaz de ter durado mais uns meses apenas ou mesmo um ano, mas o destino do Japão como da Alemanha estava marcado pelo poder industrial dos EUA.
Nos antecedentes imediatos da vitória americana estão os dois ataques perpetrados pelas esquadrilhas de aviões torpedeiros que redundaram num sacrifício mortal da maior parte dos seus pilotos abatidos pelos Zero que se envolveram também em combates ferozes com os caças F4F que deveriam proteger os torpedeiros. Os combates travaram-se a baixa altitude, tendo os nipónicos levado sempre a melhor, mas gastaram munições e combustível e, principalmente, desguarneceram a altitude que foi de onde vieram os bombardeiros de voo picado de McClusky.
A patrulha de interdição do espaço aéreo das duas esquadras japonesas que pretendiam atacar Midway, respectivamente comandadas pelos almirantes Nagumo e Yamamoto, era constituída por 51 caças Zero nas mãos dos melhores e mais experimentados pilotos japoneses que conseguiram abater 43 aviões norte-americanos. Mas, quando vieram os SBD, os Zeros estavam nos convés dos seus navios com os pilotos exaustos a comer uma pequena refeição de bolo de arroz e chá. Não havia qualquer caça a 3 mil metros de altitude.
Plano Japonês Mal Concebido
O almirante Yamamoto foi quem elaborou minuciosamente o plano de conquistar o Atol de Midway e de obrigar os porta-aviões americanos a travar uma batalha que os levasse à sua completa destruição, tanto mais que contava com dois factores tidos como decisivos: a superioridade numérica dos seus quatro porta-aviões da sua primeira formação contra os dois congéneres que Yamamoto julgava serem os únicos que os americanos tinham no Pacífico e o factor surpresa como no ataque a Pear Harbor.
O almirante japonês embarcou no gigantesco e novo couraçado Yamato de 72 mil toneladas que seguia com outros navios muitas milhas atrás da esquadra dos porta-aviões e respectiva escolta sob o comando do almirante Nagumo.
Tudo parecia ser favorável aos japoneses, pois até os seus aviões embarcados eram superiores aos dos seus inimigos, tanto em qualidade como em quantidade. Na verdade estavam numericamente quase equilibrados com os americanos, 229 contra 234. Além disso, Yamamoto julgava que os norte-americanos sairiam de Pearl Harbor depois de iniciado o ataque ao Atol de Midway, quando na verdade, no meridiano do Pacífico que transforma a quarta-feira do dia 4 de Junho de 1942 em quinta-feira, já os navios de Spruance e Fletcher navegavam a 302 milhas para uma posição planeado pelo almirante Nimitz como sendo de emboscada de flanco, já que esperava a vinda dos nipónicos numa rota de noroeste.
A presença de aviões antiquados no atol de Midway reforçou na mente de Yamamoto a ideia de que estaria a surpreender os americanos e que estes não iriam bater-se com denodo e, logo que avistasse os porta-aviões americanos, os seus aviões os despachariam de imediato para o fundo.
Sucedeu o contrário; a operação não estava devidamente planeada. A poderosa esquadra japonesa vinha dispersa em três formações diferentes divididos em não menos que 16 grupos de navios, sendo a principal a dos quatro porta-aviões de Nagumo com dois cruzadores de batalha, seguida mais atrás por doze navios de transporte que levavam cinco mil homens destinados a desembarcarem nas Midway, escoltados por dois outros cruzadores de batalha rápidos e pelo porta-aviões ligeiro Zuiho. Centenas de milhas mais atrás seguia Yamamoto no Yamato com mais seis couraçados e outro porta-aviões ligeiro, o Hosho.
Para desviar a atenção dos norte-americanos, Yamamoto mandou para as Aleutas uma força constituída por dois porta-aviões ligeiros, o Riuyo e o Junyo com dois cruzadores pesados e dois transportes. Yamamoto admitia que logo a seguir ao bombardeamento de Dutch Harbour nas referidas ilhas, o comando americano seria capaz de desviar um dos seus porta-aviões para defender aquele arquipélago quase desprovido de importância estratégica.
Para além da má organização das formações que compunham a imensa esquadra de Yamamoto, este não contou com a sagacidade de alguns intelectuais ao serviço da marinha americana como o comandante Rochefort e o novelista naval Holmes que ficou conhecido sob o pseudónimo de Alec Hudson.
Aqueles “espíritos de secretária” como eram depreciativamente denominados nos meios navais norte-americanos, dirigiam os serviços de escuta e decifragem Hypo da marinha e até ao dia 25 de Maio tinham descodificado cerca de 90 por cento das cifras nipónicas JN25 que eram bem complicadas pois eram constituídas por quarenta e cinco mil números de cinco dígitos que representavam palavras e frases. Em cada mensagem, o encarregado japonês da cifra escolhia um número qualquer de cinco dígitos e o subtraia do número correspondente à primeira palavra da mensagem. O número cifra seguinte seria subtraído do número seguinte ao escolhido para subtrair a primeira palavra e assim até completar a mensagem. O número chave utilizado no início estava incluído na mensagem para permitir ao recebedor da mensagem descodificar tudo.
A 24 de Maio tomaram conhecimento de todo o plano de ataque a um ponto denominado AF que consideraram que poderia ser o atol de Midway ou as Ilhas Haway, mas ao certo não sabiam. Para confirmar, o novelista naval Holmes lembrou-se de emitir um rádio a dizer que em Midway não havia água potável e que a respectiva aparelhagem para purificar estava avariada.
Pouco depois decifraram uma mensagem japonesa a dizer que em AF não havia água potável. Foi o suficiente, King e Nimitz ficaram conhecedores da táctica a seguir pelos japoneses e já pouco interessava que os homens da Hypo tivessem de iniciar de novo o trabalho de descodificação por os japoneses terem, entretanto, mudado o seu sistema de cifras.
Para além de utilizarem pessoal que conhecia a língua japonesa como os já referidos oficiais, os americanos utilizaram também elementos da banda de música de um dos couraçados afundados no ataque a Pear Harbour. O sentido do ritmo dos músicos levou-os a detectarem com mais facilidade a repetição de certas palavras e letras, a partir das quais se iniciava o processo de descodificação.
Saliente-se que as forças armadas norte-americanas e o Estado em geral estavam bem providos de pessoas de grande nível intelectual e de excelente preparação universitária. A crise capitalista de 1929 e anos trinta levou a que todos os alunos de escolas e universidades preferissem o serviço público ao das empresas privadas tidas como em risco de falência. Assim, a função pública com as forças armadas puderam seleccionar os alunos mais brilhantes das melhores universidades.
Os japoneses nunca deram pela facilidade com que as suas mensagens eram decifradas, nem mesmo quando, a seguir à batalha de Midway, o jornal “Washington Post” relatou o facto. O Japão não chegou a montar um serviço de espionagem ou tinha-o na base de indivíduos de ascendência japonesa residentes nos EUA, os quais foram internados em campos de concentração, pelo que nada puderam fazer, nem sequer ler os jornais americanos.
A importância dos homens dos serviços de comunicações navais no desenrolar da batalha do 4 de Junho de 1942 nunca foi plenamente reconhecida. O comandante Rochefort só foi condecorado com a medalha de serviços distintos, a título póstumo, nove anos após a sua morte, em 1985.
Yamamoto ao ser informado do afundamento dos seus porta-aviões ficou paralisado a olhar para o vazio. Durante mais de meia hora não balbuciou uma palavra e os oficiais do seu Estado-Maior não se atreveram a quebrar o silêncio. Todos pensavam certamente que se em posição de inferioridade relativa os americanos puderam causar uma derrota tão pesada aos experimentados e valentes japoneses, o que acontecerá quando dos estaleiros navais americanos saírem dezenas ou, mesmo, mais de uma centena de novos porta-aviões com milhares de aviões. Nunca puderam imaginar que, naquele dia, os americanos não tinham só dois porta-aviões e que o Yorktown foi reparado, reabastecido e servido com novos aviões em apenas três dias depois dos importantes estragos sofridos no Mar do Coral e da lenta viagem até Pearl Harbour.
O almirante nipónico até pensou que o Entreprise e o Hornet ainda estariam no Pacífico Sul desfalcados de aviões e pilotos e não zarpados de Pearl Harbor bem municiados e equipados com aviões novos e guarnições bem treinadas e frescas.
Os americanos tinham saído a 1 de Junho com três porta-aviões, oito cruzadores e 14 destrutores, além de vinte submarinos, para enfrentar uma esquadra mais de duas vezes superior.
A resistência oposta pelos americanos no atol de Midway também contribuiu para a derrota japonesa. Os vinte e seis caças lá estacionados, 18 Bufalos F2A-3 e 8 Wildcats pouco fizeram, mas o poderoso fogo anti-aéreo abateu 38 aviões atacantes e avariou outros 29. Por sua vez, os ataques das fortalezas voadoras B-17 que levantaram voo de Midway nada conseguiram contra os navios japoneses, dada a tremenda dificuldade em colocar bombas a partir de grandes altitudes em objectos tão pequenos como são os navios.
Ainda sem suspeitar da presença dos navios americanos no mar, Nagumo ordenou outro ataque, dado ter sido informado pelo comandante do primeiro ataque J. Tomonago que a pista não ficara totalmente destruída. O almirante japonês tinha então 33 aviões Aichi equipados com torpedos e bombas anti-navio para atacarem a esquadra americana se aparecesse. Como os seus aviões patrulha nada tivessem assinalado, Nagumo ordenou que os referidos aviões trocassem o material contra navios por bombas contra objectivos terrestres. Pelas 08h00 da manhã, Nagumo é informado que há uma força de cruzadores e destroyers inimigos a navegarem para o Sul. Primeiro ficou alarmado a pensar que pudessem estar por ali porta-aviões, mas depois com a confirmação de que se tratavam apenas de cruzadores ficou aliviado. Só depois é que foi informado que poderia tratar-se também de uma força de porta-aviões, mas nessa altura já os seus Aichi voavam contra o atol. Imediatamente mandou-os regressar, mas era tarde para rearmá-los com torpedos.
Entretanto, Spruance não hesitou, lançou-se ao ataque e inadvertidamente sacrificou os seus aviões torpedeiros e, assim, conseguiu um êxito total com os seus bombardeiros monomotores de voo picado. Se tivesse feito o contrário era capaz de ter tido o mesmo êxito, pois a defesa contra ataques seguidos a alta e baixa altitude é muito difícil, principalmente quando não são simultâneos. Os americanos perderam 16 bombardeiros, talvez porque voaram nos limites dos seus raios de acção e alguns devem ter caído no mar com falta de combustível e outros abatidos pela artilharia anti-aérea nipónica.
Yamamoto, quando foi informado que o último dos porta-aviões, o Hyrui, fora afundado transmitiu para Tóquio uma das maiores mentiras da guerra: “A esquadra americana foi praticamente destruída e o que resta retira-se para Leste”. Nessa altura, o almirante japonês é que dava ordens para bater em retirada, nomeadamente aos quatro cruzadores pesados do vice-almirante Kurita que estavam já a oito milhas do atol. Logo após receberem a ordem para se retirar, o Mogami abalroa o Mikuma na tentativa de se esquivar a um torpedo lançado pelo submarino americano Tambor. Dois dias depois, os SBD americanos afundam o Mikuma e arrasam as superstruturas do Mogami que ainda conseguiu chegar à sua base.
A guerra estava ganha para os norte-americanos desde que passassem sistematicamente à ofensiva e não deixassem os japoneses refazerem uma nova esquadra de porta-aviões. Assim aconteceu, mas muitas batalhas foram travadas com perda inútil de vidas humanas porque os altos-comandos e os políticos nipónicos eram incapazes de ver a realidade dos factos. Os americanos passaram logo à ofensiva ao atacarem pouco tempo depois a ilha de Guadalcanal.
Acrescente-se aqui que uma das causas da derrota japonesa residiu na péssima qualidade dos seus radares tal como dos sistemas rádio dos aviões. A marinha japonesa não dispunha de um sistema de comando e direcção de caças a partir dos porta-aviões que fosse suficientemente capaz de realizar a tarefa.
Os japoneses para além de perderem quatro porta-aviões também perderam 322 aviões com os seus melhores pilotos e 3.500 homens no total.
A 7 de Agosto de 1942, da Força Tarefa 61 com 50 navios desembarcava a Primeira Divisão de Marines em Guadalcanal apoiada pelos aviões dos porta-aviões Saratoga, Wasp e Entreprise. Os aviões marcaram com bombas de fumo vermelho os locais para as barcaças alcançarem a terra firme e os americanos armados com uma nova arma desconhecida dos japoneses iam conquistar a pequena ilha do arquipélago das Salmão. A nova arma secreta era a posteriormente celebrizada “bomba azul”, a primeira lata de spray anti-mosquitos anofeles e outros insectos, o que permitia sobreviver nessa ilha totalmente infestada pelo Plasmodium causador da malária.
Os americanos podiam agora arriscar tudo, pois os japoneses estavam enfraquecidos e dos seus estaleiros começavam a sair a quase centena e meia de porta-aviões que construíram durante a guerra.
Mesmo assim, a luta para conquistar cada palmo de terra foi duríssima porque os japoneses adoptavam uma táctica suicida e combatia até morrer. Mas ali em Guadalcanal, começaram por retirar para o interior da florestas os 750 combatentes que tinham nas proximidades e, bem assim, os dois mil trabalhadores que estavam a construir uma base aérea.
O objectivo americano era o inverso do japonês, mas semelhante. Ambos queriam ter uma base aérea terrestre no arquipélago das Salmão, nomeadamente na pequena ilha de Guadalcanal, relativamente central. As Ilhas Salmão com as Novas Hébridas mais a Sul formam um arco que se estende da Nova Guiné para Sul quase até à Nova Zelândia e que poderia como que fechar o acesso da Austrália aos EUA, obrigando todos os transportes a fazerem uma volta tremenda muito para Sul da Nova Zelândia e depois rumar a Norte, percorrendo o Pacífico todo de Sul para Norte e de Oeste para Leste.
Os japoneses não tinham obviamente capacidade para conquistarem a Austrália, mas o seu objectivo estratégico era isolar a gigantesca ilha para evitar que a partir daí saísse uma ofensiva contra as então ocupadas Índias Holandesas (hoje Indonésia) e Filipinas
A Batalha do Mar do Coral
O Shoho afunda-se sob os ataques norte-americanos
O comandante Hamilton, aos comandos do Dauntless SBD-3, tomou a decisão acertada e extremamente arriscada quando lá em baixo viu o porta-aviões nipónico Shoho. Perseguido por um caça Mitsubishi 96, Hamilton não ficou muito preocupado e mergulhou para accionar a alavanca de largada de bomba sobre o poderosos navio inimigo. De uns 750 metros de altitude a bomba foi projectada bem para o centro do convés de voo, explodindo ruidosamente. O comandante Izawa Ishinosuke abriga-se e, sem saber ainda como, outra bomba explode no seu navio, enquanto outros bombardeiros monomotores da esquadrilha comandada por Hamilton se lançam ao ataque. Duas bombas de mil libras explodem com fragor provocando danos e incendiando aviões devidamente municiados e abastecidos com combustível. Ficou tudo envolto numa enorme nuvem de fumo negro aqui e acolá iluminada pelas labaredas vermelhas dos incêndios oriundos dos hangares
Seguiu-se um ataque por 12 lentos monomotores torpedeiros TBD-1 Devastator do Yorktown que, a 200 milhas horárias, se aproximam do ardente porta-aviões a fim de o liquidarem a torpedo, sofrendo terrivelmente com a artilharia anti-aérea dos cruzadores Aoba, Kinukasa, Furutaka e Kako que escoltavam o porta-aviões ligeiro Shoho (11.262t e 30 aviões) sob o comando do vice-almirante Takagi Takeo. Mesmo assim, o pequeno porta-aviões acabou por encaixar 13 bombas e sete torpedos que o levaram rapidamente para o fundo.
A missão deste grupo de cobertura japonês era proteger directamente as forças de invasão da Nova Guiné, navegando do norte, Rabaul na Nova Bretanha, para Port Moresby, na costa ocidental da Nova Guiné. A norte do arquipélago das Luisíadas, ao largo do extremo sul da Nova Guiné, a referida operação nipónica foi detectado pelos aviões da Força Tarefa 17 do almirante Fletcher com os porta-aviões Lexington e Yorktwon e os seus 93 aviões além de cruzadores, contra-torpedeiros e navios auxiliares.
Outro grupo naval nipónico, denominado de ataque, estava também nas proximidades para enfrentar forças inimigas. Esse grupo, comandado pelo vice-almirante Takagi Takeo, incluía os porta-aviões Shokaku e Zuikaku (25675 ton e 84 aviões cada) mais os cruzadores pesados Myoko e Haguro, além de 12 contratorpedeiros e numerosas unidades auxiliares.
Quando se viu descoberto por aviões norte-americanos, o capitão Isawa acabava de ordenar o regresso da sua Patrulha de Combate constituída por quatro caças Zero e um avião de ataque.
Em sua substituição fez levantar voo uma patrulha reduzida formada por um caça Zero e dois Mitsubishi 96 de tipo antigo e muito lentos, os quais atacaram o grupo 2 de monomotores bombardeiros SBD do Lexington, conseguindo abater alguns aparelhos.
No entanto, aqueles aparelhos japoneses não conseguiram molestar os TBD torpedeiros do Lexington por estarem protegidos pela patrulha aérea do porta-aviões (CAP-“Carrier Air Patrol”) constituída por caças “Wildcat” que entraram pela primeira vez em combate com os então novíssimos caças “Mitsubishi A6M5 Zero”.
A superioridade numérica dos americanos permitiu ao tenente Haas abater o primeiro “Zero” e com ele um às da aeronáutica nipónica, Imamura. Quem presenciou o combate ficou admirado com a extraordinária capacidade de manobra do “Mitsubishi Zero” que era capaz de mergulhar a pique e fazer um intenso fumo para dar a impressão de ter sido abatido e, assim, reduzir a pressão do adversário.
Logo após o afundamento do Soho, o almirante Goto Aritomo mandou retirar os restantes navios da força de cobertura sem perder tempo com o salvamento de cerca de 200 náufragos sobreviventes de uma guarnição de mais de 800 homens. Simultaneamente, o comandante-em-chefe da operação, vice-almirante Inou mandou suspender a navegação para Sul da força destinada a conquistar Port Moresby na Ilha da Nova Guiné. Terminava assim, ingloriamente para os japoneses, aquilo que ficou conhecido como Batalha de Missima, ou a primeira fase da Batalha do Mar de Coral.
A Batalha Aero-Naval do 8 de Maio de 1942
Os mecânicos nipónicos trabalharam febrilmente desde o início da madrugada para aprontarem as esquadrilhas dos novíssimos porta-aviões Zuikako e Shokaku de 32.105t, incorporados em Agosto e Setembro de 1941.
O vice-Almirante Takeo Takagi tinha pressa em vingar o Soho e o desastre do dia anterior em termos de aviões perdidos.
Efectivamente, a 7 de Maio dois dos seus bombardeiros e dez aviões de ataque não regressaram às suas bases flutuantes, além de se terem perdido os hidros de reconhecimento da nova base japonesa instalada na Nova Guiné.
O vice-almirante Shigeyoshi Inoue tinha planeado a operação do dia 7, pensando que apanharia os americanos e australianos de surpresa. Para o efeito utilizara a táctica habitual dos japoneses que era a de fazer convergir vários grupos de navios e aviões de posições diferentes para chegarem ao mesmo objectivo. Aritomo Goto vinha da Rabaul pelo Mar de Coral com o Soho e quatro cruzadores pesados para cobrir um primeiro desembarque em Tulagi e depois proteger a conquista de Port Moresby.
Por sua vez, o vice-almirante Takeo Takagi deveria com sua poderosa força rondar as ilhas Salmão e atacar de leste.
Os nipónicos desconheciam a força que os americanos tinham na região, enquanto estes sabiam tudo do plano nipónico, pois os seus criptanalistas decifraram grande parte do código secreto da Marinha Imperial Japonesa. O tenente-capitão Joseph Rochefort trabalhou arduamente com a sua equipe para o decifrar com a ajuda das calculadoras mecânicas da IBM que perfuravam cartões e, apesar de não decifrar tudo, conseguiu saber que os japoneses iam conquistar Port Moresby e quais as forças que levariam, o que permitiu ao almirante Nimitz ir ao encontro do inimigo.
Takagi e o comandante da 5ª Divisão de porta-aviões, almirante Hare, contavam com 95 aviões embarcados (37 caças “Zero”, 33 bombardeiros monomotores “Aichi D3A” e 25 aviões de ataque “Nakajima B5N”, além das esquadrilhas estacionadas nas novas bases terrestres de Rabaul e Tulagi.
Os americanos com o Lexington e o Yorktown podiam fazer descolar 117 aviões (31 caças, 65 bombardeiros de mergulho e 21 aviões torpedeiros). Também aí os mecânicos e os pilotos preparavam-se para a grande batalha, enquanto os almirantes conjecturavam as suas ofensivas.
O comandante do Lexington, Capitão-de-mar-e-guerra Frederick Sherman, decidiu enviar 12 “SBD Dauntless” a 200 milha para o Norte e outros seis bombardeiros monomotores para o Sul, a fim de detectarem com precisão a localização da esquadra inimiga. Logo que regressassem, todos os aviões seriam atestados e depois colocados a voar a baixa altitude para defesa contra os aviões torpedeiros inimigos, dada a falta de suficientes caças “Grumann Wildcat”.
Pelas 08h30, o tenente Joseph Smith transmitiu para o Lexington a mensagem seguinte: “Contacto: 2 CV inimigos, 4 CA e vários DD a 120 milhas do Ponto Zed, 006 graus, curso 120 e velocidade 15.
Quase ao mesmo tempo, o oficial miliciano japonês Kanno Kenzo, aos comandos de um avião torpedeiro, transmitia para o Shokaku: “Vi porta-aviões inimigos. Localização 205 graus e 235 milhas, curso 170 graus e velocidade 16 nós.
Em ambos os lados prosseguiam os preparativos finais e iniciava-se a descolagem das aeronaves que iriam substituir os navios torpedeiros e a artilharia naval com as suas bombas.
Pela primeira vez, duas esquadras iriam enfrentar-se com aviões embarcados, mas distanciadas de 170 milhas uma da outra. Pelas 09h00 começaram a levantar voo do Yorktown, 6 caças “Wildcat”, 24 bombardeiros SBD-3 e 9 torpedeiros TBD-1. Estes últimos voaram a 60 metros de altitude a uma velocidade de 105 nós , escoltados pelos caças a 600 metros de altitude. Por sua vez, uns quarenta minutos depois, o Lexington lançava para o ar 9 caças F4F, 15 bombardeiros SBD e 12 torpedeiros TBD.
Os japoneses já informados do ataque norte-americano fazem descolar 19 Zeros em patrulha CAP de defesa das suas unidades.
Ao contrário dos americanos, os japoneses não dispunham de radar nem de outros meios além dos visuais e da rádio para dirigirem os caças a partir dos porta-aviões, o que se revelou uma tarefa quase impossível, tanto mais que as condições atmosféricas interferem com as transmissões rádio.
Esperaram quase uma hora pelo inimigo; alguns Zeros até voltaram a poisar no convés dos seus navios para reabastecimento.
Os porta-aviões navegavam como loucos a 30 nós quando soou o alarme. A esquadrilha de bombardeiros Dauntless SBD avistou o inimigo a cinco mil metros de altitude. Imediatamente mergulharam sem serem notados pelos Zeros comandados por Okabe que entre as nuvens procuravam o inimigo. Os SBD voavam a pique para colocarem as suas bomba de mil libras nos porta-aviões inimigos. Só que ao entrarem em camadas de ar mais quentes e húmidas, os seus visores e pára-brisas embaciaram-se de tal maneira que o ataque final foi feito às cegas. As bombas deflagraram perto mas não atingiram o inimigo.
No ataque seguinte, a esquadrilha 5 de bombardeamento, já perseguida pelos Zero, lança-se ao ataque, sofrendo o mesmo obscurecimento de visão. Contudo, conseguiram atingir o Shokaku com uma bomba de mil libras que encheu de estilhaços o convés, avariou um dos elevadores e provocou um incêndio na área da proa. Na outra esquadrilha, o tenente Power estava decidido a que nada pudesse evitar de atingir o seu objectivo, mesmo perseguido por um caça Zero e ter o seu avião em chamas. Power consegue atingir o Shokaku pelas 11h05. A explosão da sua bomba provocou novo incêndio, tanto no convés como abaixo do mesmo, impedindo a sua utilização para operações de voo. O heróico tenente Power não conseguiu elevar o seu avião e despenhou-se na água para ser condecorado a título póstumo.
As duas bombas provocaram muitas avarias no Shokaku, apenas acima da linha de água, incluindo a destruição das âncoras e dos sistemas auxiliares da proa. O navio continuava a fazer os seus 30 nós e toda a sua artilharia estava em condições de ser utilizada. O almirante Hara gemia furiosamente quando viu o Shokaku a arder.
Os Zero foram imbatíveis, mas muitos bombardeiros americanos aguentaram bem os tiros de 7,7 mm e os depósitos autoselantes não chegaram a arder. E depois do primeiro ataque surgiram os lentos aviões torpedeiros que nada conseguiram por terem lançado os seus torpedos a distâncias excessivamente grandes.
A batalha aérea mais violenta foi a travada pelo grupo aéreo do Lexington, sob a liderança do comandante Wiliam Ault, constituído por quatro bombardeiros, onze torpedeiros e seis caças F4F. Na sua tentativa de atacarem o porta-aviões Zuikaku foram descobertos atempadamente pela esquadrilha de Zeros do oficial miliciano Iwamoto. Apanharam dois F4F a voarem a 120 nós e aproximaram-se ao dobro dessa velocidade sem deixarem a possibilidade de os Grumann se afastarem, mas não impedindo os disparos dos americanos. Perante o tracejado das balas americanas, os nipónicos não chegaram a aproximar-se o necessário para causar baixas.
Entretanto, os bombardeiros SB Dauntless aproveitaram o ensejo para se lançarem a pique e aproximarem-se rente à água para junto ao navio inimigo subirem e lançarem as suas bombas. Uma atingiu o Shokaku a estibordo. Um dos SBD não conseguiu largar a sua bomba, pelo que deu uma meia volta e repetiu o ataque sem nunca mais ter sido visto.
Ao mesmo tempo, os quatro Zeros do tenente Okajima lançam-se contra os onze lentos e obsoletos torpedeiros Devastator que se aproximavam apenas a uns 100 nós de velocidade. Os dois pontas de asa foram logo abatidos quando os restantes TBD lançavam os seus torpedos, conseguindo alguns regressar ao seu porta-aviões e outros ficaram no mar por falta de combustível ou outra causa desconhecida.
Apesar de os pilotos dizerem que atingiram o seu alvo com os torpedos, a verdade é que não conseguiram encaixar um único torpedo.
Seguiram-se combates ferozes entre os Zeros e os Wildcats, dos quais três foram abatidos.
Enquanto os grupos aéreos norte-americanos combatiam para destruir os porta-aviões japoneses, as esquadrilhas de ataque japonesas faziam-se ao Lexington e ao Yorktown. Para orientar melhor os seus aviões, o contra-almirante Fletcher passa o comando da sua Força Tarefa (Task Force) 17 ao seu colega Fitch, pois queria aproveitar os seus profundos conhecimentos de aviação em combate.
Pelas 11h05, o capitão-tenente Taka-Hashi, o comandante da esquadrilha de dezanove bombardeiros Aichi D3A do Shokaku, avista os navios americanos. Imediatamente delineou o seu plano de ataque, ordenando a subida da sua força até aos 14 mil pés para sudeste da força americana ao mesmo tempo que os dezoito torpedeiros Nakajima B5N do capitão-tenente Shimazaki desceram para os quatro mil pés de altitude com o objectivo de se lançarem o mais rapidamente possível ao ataque, protegidos por dezoito caças Zero.
O primeiro ataque japonês contra o Lexington não resultou. A Patrulha Aérea do navio conseguiu abater em feroz combate três dos dezoito aviões atacantes, enquanto as peças anti-aéreas do Lexington evitam o pior. Só as suas 68 metralhadoras 12,5 mm projectavam uma autêntica cortina de metal.
Os aparelhos nipónicos tentaram um ataque dito em bigorna, vindos de bombordo e estibordo para anular as rápidas mudanças de curso do navio no sentido de evitar os torpedos.
O Yorktown é, por sua vez, acometido por parte de quatro aviões torpedeiros Nakajima, voando a grande velocidade rente à água. Um dos primeiros aviões é atingido pela defesa anti-aérea do navio depois de lançar o seu torpedo que falha o alvo. O mesmo sucedeu aos restantes três atacantes.
Entretanto, quatro outros Nakajima, sob o comando do tenente Ichihara Tatsou do porta-aviões Shokaku, aproximam-se do Lexington. Depois de lançarem os dois primeiros torpedos que falharam o alvo por passarem debaixo da quilha do navio, conseguem pelas 11h20 encaixar um torpedo na vante do porta-aviões e, pouco depois, um segundo vai explodir junto à quilha, fazendo estremecer todo o navio.
O primeiro torpedo avariou os elevadores hidráulicos e quase rebentou com um depósito de gasolina de avião, mas a equipa de limitação de avarias conseguiu rapidamente bloquear o depósito e evitar um incêndio. Todavia, a explosão do torpedo destruiu o sistema de comunicações internas e os ventiladores. O segundo torpedo provocou a inundação de um dos compartimentos das caldeiras e uma fenda num dos depósitos de combustível que passou a verter para o exterior.
Ainda sem conseguirem controlar todas as avarias, a guarnição do Lexington é submetida a outro ataque. Desta vez por parte dos bombardeiros Aichi sob o comando do tenente Takahashi, o maior especialista nipónico daquela arma.
Mergulharam a pique a partir dos quatro mil metros de altitude com grande precisão e sem temerem o fogo anti-aéreo. Uma das primeiras bombas acertou num dos cantos do convés de voo, atravessou a fina placa de metal e entrou no armário das munições de uma peça AA de cinco polegadas, fazendo explodir tudo com a morte de toda a guarnição da respectiva peça, cujos cadáveres ficaram tão despedaçados que não foi possível o reconhecimento.
As chamas começaram a espalhar-se pelo convés, mas a equipa de limitação de avarias estava a postos e evitou o pior. Outra bomba explode na água junto ao casco, causando danos na bolsa da baleeira e perfurando algumas chapas por onde entrou alguma água. Outra bomba ainda explode perto da chaminé abaixo do nível do convés de voo. Os seus fragmentos causaram baixas nas guarnições das metralhadoras de 12,5 mm e puseram a sirene a tocar ininterruptamente. Atrás dos atacantes vinham os F4F do tenente Bassfield que conseguiram libertar-se dos Zeros e atacar os Aichi, um dos quais foi abatido. Evitaram assim que o Lexington fosse destruído.
Quase de imediato foi a vez de o Yorktown voltar a ser atacado por 14 Aichi de bombardeamento que não se preocuparam muito com o ataque defensivo por parte dos F4F Wildcats de McComarck que se lançaram contra a esquadrilha inimiga perseguidos pelos Zeros. Perturbados pelos Wildcats, os Aichi não conseguiram posicionar-se de modo a colocar directamente qualquer bomba no Yorktown, mas quase todos os seus engenhos explodiram muito perto e causaram estragos consideráveis, arrombando depósitos de combustível. Uma das bombas chegou a atravessar a ponta do convés e explodir na água.
Enquanto decorriam os ataques, desenrolaram-se violentas batalhas aéreas desde a altitude mais baixa à mais alta, nos quais os Zeros causaram estragos evidentes nas patrulhas defensivas americanas. O aspirante McDonald, aos comandos de um SBD Dauntless, é atingido no ombro por uma bala de metralhadora de um Zero e o seu metralhador é igualmente ferido. Mesmo assim, consegue dirigir-se ao Lexington e poisar no preciso momento em que o navio fazia uma guinada de 120 graus para se safar de uma série de torpedos. O avião rodou na pista, cortou os cabos de travagem e acabou por saltar para o mar depois de ficar algum tempo pendurado num dos cantos do convés. Milagrosamente, os dois aviadores conseguem salvar-se e serem socorridos por um destrutor.
O tenente Brasfield, depois de abater um Aichi no termo de um longo mergulho, repara que tem três zeros atrás. Puxa a manete e sobe para fazer tiro de deflexão lateral. O nipónico estava à espera de uma volta mais completa e deixou-se apanhar, mergulhando aparentemente em chamas, enquanto outro Zero disparava as suas balas de 7,7 mm contra o Wildcat de Barsfield, as quais fizeram um ruído tremendo ao embaterem na blindagem da cadeira do piloto. Nada conseguindo com aqueles tiros, o japonês dispara o seu canhão de 20 mm. A granada explode quase no “cockpit”, destrói parte do painel de instrumentos e arranca o braço do piloto pelo cotovelo, enquanto outro estilhaço fere-o gravemente no joelho e um pequeno incêndio começa nos algodões que o piloto tinha no “cockpit”. A esvair-se em sangue, o piloto consegue refugiar-se no interior de uma nuvem, libertando-se dos perseguidores e descer para poisar no convés de voo do seu navio e escrever as suas memórias muitos anos depois.
Na defesa da Força Tarefa 17 estiveram directamente envolvidos 20 caças Wildcat F4F e 23 bombardeiros SBD Dauntless, dos quais três Wildcats e cinco SBD foram abatidos. Nos furiosos combates nenhum Zero foi afinal abatido, mas foram derrubados três Aichi e um avião torpedeiro. E ao terminarem os combates sobre a Força Tarefa 17 regressavam os aviões que foram atacar os porta-aviões japoneses, enquanto as equipas de reparação do Yorktown trabalhavam febrilmente para acender uma das caldeiras de um compartimento que tinha sido inundado, conseguindo assim voltar o pôr o navio a navegar a 30 nós. Entretanto, alguns aviões do Lexington foram poisar no Yorktown menos atingido.
O Fim do Lexington
O Lexington recebeu ordens para rumar imediatamente a Pearl Harbour. Os aviões que ainda tinha foram deslocados para a ré, enquanto os mecânicos preparavam com imenso esforço oito F4F para levantarem voo logo que as equipas de limitação de avarias pudessem restabelecer a ordem para os lados da proa.
Subitamente, uma enorme explosão fez de novo estremecer o gigante. A plataforma do elevador da frente foi atirada para o convés de voo, enquanto chamas e fumo irrompiam da coberta. Lá dentro, alguns aviões a arder moviam-se por si próprios como que possuídos por uma loucura mecânica, enquanto o sistema global de energia do navio sucumbia. Os pilotos perderam a esperança de voarem de novo, pelo que saíram dos aviões para dar uma ajuda ao pessoal que combatia os incêndios.
Meia hora depois, registou-se a explosão que selou o destino fatal do Lexington. As chapas de um dos compartimentos das caldeiras foram como que estilhaçadas e deixou de haver água nas mangueiras. Na coberta, o fogo consumia todo o material inflamável. Felizmente os paióis de munições e bombas tinham sido alagados anteriormente, mas os torpedos só puderam ser molhados para se manterem frios durante algum tempo. Pelas 15h38 considerou-se o fogo como incontrolável.
Com o leme avariado, o Lexington começava a navegar em círculo. Mesmo assim, o contratorpedeiro Morris chegou-se ao moribundo para passar as suas mangueiras e combater o fogo enquanto feridos e aviadores começavam a ser evacuados.
Pouco tempo depois, o comandante Sherman convenceu-se que nada havia a fazer para salvar o navio e ordenou a evacuação total. As chamas aproximavam-se da coberta onde estavam os torpedos e não havia meios para os retirar dali. A explosão dos torpedos acabaria certamente com a vida de grande parte dos 2.700 homens da guarnição que se acotovelavam já no convés de voo. Os navios da escolta despacharam todas as suas baleeiras para junto do porta-aviões, enquanto a guarnição saltava de 15 metros de altura para a água. Alguns levavam consigo jangadas de borracha.
Durante a hora que durou a evacuação, outra violenta explosão foi sentida. Esta deu-se debaixo do convés onde estavam estacionados os aviões. Muitos deles foram literalmente atirados para o ar pela força da explosão. Os náufragos ao olharem para trás viram o aço já vermelho de parte do casco e do convés do navio.
Depois de escrutinarem todas as águas limítrofes e recolherem 2.770 homens, os destrutores receberam ordens para acabarem com o navio. A noite tinha caído; o Lexington era uma gigantesca labareda vista de muitas milhas de distância. Silenciosamente milhares de olhos contemplavam com tristeza a lenta agonia do gigante. O contratorpedeiro Phelps aproximou-se e lançou cinco torpedos para o costado. O Lexington inclina-se rapidamente e vai para o fundo já quase voltado. Minutos depois, quando tudo parecia terminado, a esquadra ouve uma explosão violentíssima, cuja reverberação foi sentida a mais de 20 milhas de distância. Os torpedos foram atingidos pelas chamas já debaixo de água e explodiram em simultâneo.
Os dois almirantes inimigos ordenavam a retirada das suas forças. O nipónico Hara convencido que tinha destruído os dois porta-aviões americanos e Fletcher também com a ideia que o Shokaku e o Zuikaku estariam no fundo do Mar do Coral. Na verdade, só o Lexington e o pequeno Shohu serviam agora de abrigo à fauna piscícola daqueles mares.
A vitória táctica foi dos japoneses, dado que infligiram ao seu inimigo um estrago maior, mas talvez se possa falar antes de uma vitória americana, porque os japoneses não puderam utilizar dois dos seus melhores e mais modernos porta-aviões na batalha de Midway e foram para a mesma ao engano, na convicção que os americanos só dispunham então em todo o Pacífico dois porta-aviões, o Entreprise e o Hornet..
O Yorktown regressou a salvo com importantes avarias a Pearl Harbour. Durante o trajecto, os mecânicos de bordo conseguiram reparar 68 aviões que participaram depois na batalha de Midway. E conhecedores das intenções dos japoneses de lançarem todas as suas forças no ataque a Midway e, eventualmente, num novo ataque ao arquipélago do Hawai, os americanos conseguiram o milagre de numa noite repararem todas as avarias do Yorktown com milhares de operários a trabalhar e substituir parte da guarnição e dos aviões.
O navio que os japoneses julgavam no fundo ou irremediavelmente avariado apareceu numa grande esquadra de surpresa perante os japoneses a 4 de Junho de 1942, menos de um mês depois da batalha do dia 8 de Maio no Mar do Coral.
Saliente-se contudo que o Zuikaku nem estava muito avariado; só tinha é perdido grande parte dos seus aviões e aviadores e no Japão não estavam disponíveis esquadrilhas prontas a tomarem o lugar das que sofreram grande atrito nas ferozes batalhas aéreas, ao contrário dos americanos que, para cada porta-aviões, tinham uma segunda guarnição aérea de aviões, pilotos e mecânicos treinados e prontos a ocuparem o lugar das que tinham travado a última batalha, que iam descansar e treinar novos pilotos.
Cruzador holandês De Ruyter. Construído em 1935. Deslocava 6.000/6442t e 7548t com carga completa. As restantes características sãos as segu
Armamento: 7 peças de 150 mm, 10 de 40 mm AA, 8 metralhadoras de 12,7 mm.
Máquinas: 2 Turbinas Parsons a vapor aquecido por 6 caldeiras Yarrow. O conjunto proporcionava 60 cavalos-vapor de força e uma velocidade máxima de 32 nós.
intes:cruzador de batalha derflinger
dieter dellinger - arquitetura naval
dieter dellinger - história náutica
dieter dellinger - motores navais
revista de marinha - dieter dellinger
Os meus links
Links Amigos