Aqui o autor - Dieter Dellinger - ex-redator da Revista de Marinha - dedica-se à História Náutica, aos Navios e Marinha e apresenta o seu livro "Um Século de Guerra no Mar"
Domingo, 5 de Julho de 2009
I. Capítulo - As Fragatas à Vela

 

 

 

 

                                               Fragata Espanhola de 1710 (?)

 

 

 

A fragata portuguesa S. João Baptista, referida pelo comandante Marques Esparteiro em “Três Séculos no Mar”, foi, sem dúvida, uma das primeiras unidades da nova arquitectura naval que se impôs na vela até ao Século XIX.

A São João Batista parece que foi uma das duas fragatas espanholas apresadas na Ilha Terceira, mais propriamente no Porto Judeu, quando juntamente com uma nau iam levar reforços aos espanhóis que no Castelo de S. Filipe na Ilha da Terceira estavam sitiados pelos açorianos. Estes,  tinham já aclamado D. João IV como seu monarca, tal como o resto do país que acabou com os Habsburgos (Filipes) como reis de Portugal.

Quando as primeiras velas espanholas apareceram à vista da população foi grande o alarido e medo, mas o capitão Roque do Figueiredo, ex-sargento mor da capitania da Praia, meteu-se num barco a remos com vários soldados armados de mosquetes e foi-se à fragata espanhola, saltando de espada em punho a gritar aos espanhóis que se rendessem. Os restantes soldados do escaler subiram igualmente a bordo, o que levou o capitão da fragata a render-se e entregar as chaves dos paióis da pólvora e das dispensas. Figueiredo terá ficado capitão da primeira fragata de guerra da marinha portuguesa. O mesmo aconteceu com a Nau que foi tomada com grande coragem e energia por Mateus de Távora Valadão que a abalroou como se quisesse ir à fala com o capitão da mesma, intimando-o a passar para o serviço de D. João IV. O capitão português da nau não quis obedecer e a mesma levou uma descarga de mosquetes que abateu três castelhanos, levou um braço do piloto e uma perna de um infeliz castelhano que veio a falecer em terra.

A outra fragata espanhola velejava mais atrás e, como tal, não viu o que se passava porque tinha ainda que dobrar um pequeno cabo com uma montanha. Ao ver as duas velas espanholas já tomadas pelos portugueses aproximou-se confiante que ainda estavam em mãos castelhanas. Conforme se aproximava, assim os portugueses senhores da nau e da fragata abriram as portinholas da artilharia e intimaram a fragata a render-se sob pena de levar duas bordadas de artilharia. Claro, ainda não havia guarnição lusa suficiente para os disparos, mas ninguém sabia disso na fragata vinda de San Lucas de Barrameda que se rendeu.

Curiosamente, as primeiras fragatas francesas e inglesas foram também tomadas a espanhóis que as copiaram dos holandeses.

 

A Origem Holandesa Da Fragata

 

Os estaleiros da então existente República das Sete Províncias, como se chamava a Holanda, deverão ter construído as suas primeiras fragatas por volta de 1600 durante a guerra dos oitenta anos ou da Flandres contra os espanhóis. A nova tipologia obedecia a três imperativos estratégicos e tácticos: proteger a linhas de navegação holandesas, bloquear os portos da Flandres detidos pelos espanhóis, perturbando o comércio marítimo e, por último, combater as armadas hispânicas e impedir o desembarque de tropas. As duas primeiras tarefas requeriam boa capacidade de manobra e velocidade e a última impunha um armamento relativamente poderoso.

Quase no fim da guerra dos oitenta anos (1568-1648), os holandeses abandonaram o uso de naus grandes ou navios de linha para passarem a navegar em grande quantidade nas fragatas mais ligeiras e rápidas e terão sido vendidas muitas à França e a outros países. O Padre António Vieira recomendou a D. João IV a compra de fragatas holandesas por 12 mil ducados cada, tendo mesmo chegado a um acordo com financiadores judeus de origem portuguesa, mas parece que o negócio não se concretizou.

 As pesadas naus e os enormes galeões espanhóis e portugueses sofreram três grandes derrotas na zona do Canal da Mancha: a da Grande Armada em 1587 pelos ingleses, a destruição na baía de Guétary da Armada de Don Lope de Hoces em 1638 pelos holandeses e franceses que tinham entrado na guerra dos 30 anos e atacaram a Espanha e a da batalha das Dunas no Canal da Mancha pelos holandeses.

A batalha das Dunas marcou o fim dos Galeões como grandes navios de combate e deu lugar à adopção das fragatas e naus sem acastelamentos.

A essas fragatas, ainda com um pequeno acastelamento, os franceses denominaram “Frégate”, sendo a primeira a “Princesse” tomada perto de Dunquerque e daí a designação de fragata de Dunquerque. Tal como as restantes fragatas, deslocava 400 toneladas e apresentava uma só coberta de artilharia e um bordo liso relativamente alto quando comparado com as naus de duas ou mais cobertas com portinholas para as bombardas e outros canhões. O arsenal de Brest copiou logo essa fragata e construiu a “Cardinale” e a “Royale”.

Nessa altura, não se sabia bem se a falta de castelos da popa era benéfico ou não, porque os navios mais rasos eram aferrados e tomados com facilidade. Só mais tarde é que se verificou que a velocidade aliada à dispersão dos soldados e canhões ao longo de todo o navio eram vantagens que a arquitectura militar náutica passou a fazer uso, tanto para os navios menores, as fragatas, como para os maiores, as naus ou navios de linha como diziam os franceses e ingleses. Os povos peninsulares levaram muito tempo a adoptarem a manobra em detrimento do grandeza e do poder de fogo e encaixe, pois os canhões de então não afundavam qualquer galeão ou nau portuguesa ou espanhola, mas podiam acertar nos mastros, avariar o leme ou destruir as enxárcias e furar as velas, o que acabava por ser prelúdio para a abordagem e assalto. Mas, não é de deixar de referir que os portugueses tinham percebido que navios de menores dimensões que as naus sem acastelamento de proa e um menor na popa eram muito mais manobráveis e serviam melhor para o combate. Esses navios de 500 toneladas foram os Galeões lusos que dominaram os mares durante quase dois séculos, apesar da enorme lentidão em aparelharem e colocarem-se numa posição adequada à batalha e foi isso que aconteceu na Batalha das Dunas. Os galeões e naus não se mexiam enquanto as ligeiras fragatas holandesas iam destruindo os seus inimigos com rápidas passagens por perto em ângulos letais.

Na tipologia naval francesa e inglesa, a fragata aparece pois na época dos Filipes antes de 1640, mas parece que só após a guerra anglo-holandesa de 1665-1667 é que as fragatas e naus sofreram uma importante modernização, tanto nas linhas dos cascos como no velame e armamento e que levou quase um Século a concretizar-se. As verdadeiras fragatas e naus semelhantes, mas maiores, só formaram o esqueleto das marinhas de guerra a partir de 1750, fundamentalmente a partir da fragata francesa “Médée” de 1740 tida como o modelo clássico da fragata de vela que pouco ou nada evoluiu até ao aparecimento da máquina a vapor.

Na generalidade, tanto as fragatas ligeiras como as maiores arvoravam três mastros verticais, o mastro do traquete, o grande e o da mezena com a verga latina atravessada obliquamente ou da gata com a vela quadrangular latina para a ré do mastro e metida em duas vergas, a retranca e a carangueja que apareceram por volta de 1745 quase ao mesmo tempo em que surgiu a roda do leme. Os dois primeiros mastros tinham mastaréus, ambos para pano redondo. O terceiro mastro armava pano redondo por cima do já referido pano latino e no final do século XVII desaparecem as velas da proa denominadas cevadeira e sobrecevadeira que eram consideradas pelos marinheiros como mais mortais que os canhões dada a grande dificuldade em as arvorar, sendo substituídas por velas latinas de estai com outro mastro quase horizontal, o pau de bujarona, destinado a segurar as referidas velas latinas de proa que tendiam a levantar pela pressão do vento.

 A fragata era pois um navio mais manobrável e ligeiramente mais rápido que as naus ou navios, desprovidos de acastelamentos, providos de uma simples coberta superior ou mais modernamente de uma casa do leme.

            Apesar dos Galeões portugueses serem já verdadeiros navios de guerra é nos finais do século XVIII que os navios de guerra se diferenciam completamente dos mercantes, passando a dispor de um armamento muitíssimo superior. Os navios de guerra característicos do século XVIII são a nau e a fragata, a primeira dispondo de 60 a 120 peças distribuídas por duas ou três cobertas e a segunda dispondo de 20 a 50 peças distribuídas por uma ou duas cobertas. Complementarmente havia navios mais pequenos como o brigue e a corveta, geralmente com dois mastros. Desaparecem as galés a remos e vela e os brulotes que eram pequenos navios cheios de pólvora destinados a explodirem junto dos barcos inimigos. A artilharia naval passa a utilizar granadas incendiárias, mas a sua potência era muito fraca, sendo raríssimos os casos de navios afundados a tiro de canhão, incendiados ou tomados à abordagem. A batalha naval passa a resumir-se a um demorado duelo de artilharia, com os dois adversários rigorosamente formados em coluna, de que a maior parte das vezes resultam apenas avarias mais ou menos graves na mastreação e no aparelho e um número limitado de mortos e feridos. Quando o comandante de um navio entende que o adversário desfruta de nítida vantagem e já sofreu alguns estragos e baixas, rende-se, sem que isso seja considerado desonroso.

 Na Marinha Portuguesa, o galeão, que tão má conta dera de si durante o período das lutas contra os ingleses e contra os holandeses, é finalmente substituído por naus e fragatas modernas copiadas das francesas e inglesas. Os capitães de naus mercantes (com o título de capitães-de-mar-e-guerra) e oficiais estrangeiros, especialmente ingleses, substituem os nobres no comando dos navios de guerra, já que a classe dominante de então não estavam para enfrentar os trabalhos e canseiras inerentes à actividade naval.

Em Portugal, sob a esclarecida orientação do ministro Martinho de Melo e Castro (1770-1795), surgem os novos navios de guerra que no reinado de D. Maria I são de excelente qualidade. No aspecto quantitativo, a Marinha de Guerra Portuguesa, ao longo de todo o século XVIII, apresenta uma dimensão adequada para a defesa da navegação nacional contra os ataques dos corsários mas não para que possa ser utilizada como um trunfo no jogo da política internacional.

 

 

 

Fundamentalmente, a tipologia da fragata caracterizava-se por ser menor que as naus, sem acastelamentos, com um convés corrido no todo ou nos bordos e um vau central e uma só coberta armada de canhões protegidos pela típicas portinholas da marinha de vela. Era navios ditos de uma só coberta para se diferenciarem das naus que apresentavam duas ou mais cobertas armadas, mas as fragatas tinham na verdade uma segunda coberta não armada por baixo da primeira em que se aboletava parte da guarnição e se armazenavam mantimentos e outros pertences do navio. Claro, houve fragatas com duas cobertas armadas ou com canhões no vau do pavimento central metidos numas casamatas de madeira. Também o número de peças de artilharia e deslocamento variou muito com os tempos.

 A fragata fazia com facilidade doze nós e com bons ventos chegava aos 14. Os navios grandes também podiam chegar por perto mas necessitavam sempre de mais vento e a manobra era sempre mais difícil. A ausência de acastelamentos reduzia a superfície oposta ao vento, o que melhorava o andamento.

As portinholas de artilharia estavam por cima da primeira coberta, pelo que as fragatas apresentavam geralmente um bordo liso mais alto, o que permitia o combate com mar agitada nas mesmas condições que as naus ou navios de linha que tinham de fechar as portinholas da coberta mais rente à linha de água. Por outro lado, a fragata veleira, sendo mais rápida, proporcionava uma maior cadência de tiro que a nau. Os reparos antigos levavam muito tempo a carregar pelo que numa passagem rápida junto a um navio inimigo a fragata disparava rapidamente e afastava-se para carregar as peças, voltando ao tiro, enquanto a nau ainda não tinha carregado todas as suas peças.

A fragata surge como produto de uma pensada arquitectura naval com base em muita experiência de combate. Mas, curiosamente, alguns historiadores dão como sendo as duas primeiras fragatas, as inglesas “Constant Warwick” e  “Adventure” de 1646, destinadas à pirataria, o que só é verdade para a marinha inglesa. A Coroa Inglesa dedicou-se desde muito cedo a armar navios piratas e a regulamentar muito bem o destino dado às riquezas roubadas principalmente aos navios ibéricos. Para combater naus mercantis, mas armadas, mesmo navegando de conserva (comboio) com a protecção de galeões, as fragatas piratas tinham de manobrar melhor.

Os ingleses capturaram nas guerras com os franceses algumas fragatas e ficaram inicialmente entusiasmados com a excelência do desenho e capacidade de manobra, mas depois descobriram a grande verdade da arquitectura naval; cada vantagem traz algo contrário a ter em conta.

 

 



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II. Capítulo de As Fragatas de Vela

 

 

 

As primeiras fragatas na sua concepção dita moderna do Século XVIII deslocavam em geral 400 toneladas mas apareceram depois fragatas de todo o tipo de tonelagem, sendo reconhecidas essencialmente pelo número de peças de artilharia que as armavam.

No âmbito das longas guerras entre franceses e ingleses verificaram-se duas concepções de construção naval. Ambos os países inovaram muito no período que antecedeu a guerra dos sete anos (1756-1763), mas foi criada uma diferença fundamental entre a construção francesa e a inglesa. Os gálicos deram a preferência fragatas muito compridas e rápidas, principalmente sob ventos bonançosos e longos, enquanto as fragatas inglesas eram mais largas de boca. Por isso, resistiam mais ao mau tempo e eram tanto mais rápidos quanto mais forte fosse o vento. A fragata francesa apresentava um menor calado, o que a tornava mais leve, mas ao mesmo tempo limitava a resistência da mastreação aos ventos fortes, enquanto a inglesa com mais calado aguentava muito melhor a borrasca. Só que as batalhas navais dos tempos da vela não eram travadas com ventos muito rijos e, menos ainda, tempestuosos. Nessas circunstâncias, a artilharia não acertava em quase nada e a tão típica abordagem era impossível. Os franceses tinham de defender as suas costas mediterrânicas, pelo que as suas fragatas eram ligeiramente mais rápidas na batalha em mar sereno. Por outro lado, o comprimento dos navios de madeira facilitava o alquebramento; o costado tendia a abrir mais e a ossatura molhava-se com mais facilidade pelo que uma fragata francesa mal resistia a três anos de actividade naval intensa ao contrário das inglesas e dos mais bojudos navios portugueses da época.

Mesmo assim, isto não é rigoroso para todos os navios, já que nos tempos da vela os navios diferenciavam-se um pouco uns dos outros e foi a meados do Século XVIII que começaram a ser construídos em classes com velame igual, tanto nas naus como nas fragatas, pois só assim era possível manter uma linha de combate a navegar uniformemente à mesma velocidade.

Os ingleses tinham construído excelentes classes de navios, tal como os franceses, ainda antes daquilo que foi denominado por Winston Churchill a primeira guerra mundial, a dos sete ou nove anos, se considerarmos os dois primeiros anos de guerra anglo-francesa na América do Norte. Depois, de 1756 a 1763 muitas nações entraram nessa guerra, entre as quais Portugal ao lado da Inglaterra, Prússia, Eleitorados de Hannover, Brunswick e Hessen contra a França, Áustria, Rússia, Suécia, Espanha, Saxónia, Reino de Nápoles e Sicília e Reino da Sardenha.

Ainda antes dessa longa guerra, os ingleses fixaram-se em dois tipos de navios que, construídos em grandes séries, lhes deram o domínio absoluto dos mares e permitiram escorraçar a França das suas colónias americanas, excepto umas ilhas nas Caraíbas e a inóspita Guiana. O primeiro foi o navio de linha de 74 canhões em duas cobertas e o segundo a fragata de 32 peças, apesar de que não era então habitual a construção de muitos navios de guerra em tempos de paz, mas os ingleses não estavam satisfeitos com o Tratado de Paz de Aix-La Chapelle (1748) e entendiam que foi uma espécie de armistício para uma segunda guerra como a que se veio a verificar 8 anos depois. Além disso, o almirantado britânico dispunha de navios de duas cobertas com 24 e 44 canhões. O armamento não era suficiente e, menos ainda, o andamento.

Por volta de 1750, o Conselho dos Almirantes da “Royal Navy” começou a pôr o desenho de novos navios a concurso, reduzindo as especificações muito detalhadas. Para as fragatas, a velocidade foi, sem dúvida, a especificação mais importante, pelo que os construtores começaram por se inspirar nas linhas do casco do iate “Royal Caroline” de 1700 e em alguns pequenos navios destinados a combater os contrabandistas, mas também copiaram em tamanhos mais reduzido a moderna nau francesa “Monarch” de 74 peças.

Assim, as primeiras fragatas britânicas inspiradas no referido iate foram as seguintes:

Sleaford, incorporada em 1753 com 20 peças que não agradou muito devido à insuficiência de armamento., pelo que foi construída a seguir a fragata “Unicorn” com 24 canhões  com algumas transformações.

Classe “Tartar”, derivada da “Unicorn”, mas com 28 peças de artilharia e que foi a primeira grande classe de navios idênticos que a Grã-Bretanha construiu com 20 unidades. O seu armamento consistiu em 24 peças de 9 libras na coberta superior e 4 de 3 libras além de 12 armas de meia libra no convés para o combate anti-pessoal de abordagem. O casco media cerca de 30 metros e a boca máxima era de menos de 10 metros. Fazia entre os 9-10 nós a 12-13 nós com vento favorável e deslocava umas 580 toneladas com pequenas variações entre um e outro navio devido a diferenças nas acomodações. Foram os navios mais rápidos da “Royal Navy” com excepção da fragata franco-canadiana “Abenakise” capturada na guerra de 1748. Enxovalhava um bocado com mar alteroso, mas não se enchia demasiado de água. Esta série não se notabilizou demasiado nas guerras travadas pelos ingleses dado que a peça de 9 libras era fraca e rapidamente chegou-se à conclusão que as fragatas também deveriam ser armadas com peças de 12 libras.

Classe “Southampton” de 4 navios armados com 32 peças de 12 libras também de 12 nós e com 652 toneladas. Navios sólidos e manobráveis dos quais se fizeram duas outras classes com algumas diferenças de desenho que foram as classes:

“Richmond” e a “Níger”, ambas com acastelamentos mais baixos e com um calado um pouco menor, mas mantendo a relação comprimentos do casco/boca. A última destas classes com 11 navios construídos revelou-se a mais rápida com ventos rijos, aguentando bem todo o pano, enquanto os mastros e mastaréus não quebravam. Os canhões de 12 libras lançavam os seus pelouros à então incrível distância de 280 metros, mas não faziam muito mal, raramente conseguiam afundar um navio; podiam era avariar as enxárcias e mastros de modo a permitir uma boa abordagem, se não tivessem sofrido o mesmo.

Por último, o âmbito dos desenhos ingleses, foi construída uma classe de três unidades um pouco menores com 619 toneladas e 28 canhões, a classe “Mermaid” especialmente desenhada para aguentar borrascas, pelo que era a mais lenta de todas as classes.

Os piratas ingleses passaram a utilizar muitas das 14 fragatas apresadas aos franceses durante a guerra dos nove anos e suscitaram um grande entusiasmo pela sua rapidez que permitia uma abordagem rápida e, como tal, um maior valor na rapina que era no Século XVIII ainda uma das grandes fontes de receita da Coroa Britânica. Então, as marinhas serviam para a defesa das linhas de navegação como a portuguesa e a espanhola ou para o roubo como faziam os ingleses e franceses que até se especializaram na pirataria terrestre como mostraram os grandes “heróis” da história naval francesa nos seus assaltos ao Brasil, nomeadamente ao Rio de Janeiro para roubarem os bens dos habitantes.

A primeira fragata inglesa verdadeiramente do tipo francês foi a “Tweed” com 26 peças de 12 libras que fazia 10 nós só com as velas de gave-top, velachos e sobres, ou seja, com as velas mais altas sem as velas principais ou grandes que nem sempre estavam envergadas durante os combates. Com todo o velame passava bem dos 13 nós. Deslocavam 660 toneladas, mas era considerada muito desconfortável pois metia muita água no mau tempo e tinha pouca estabilidade. Seguiu-se a série “Pallas” com maior tonelagem, 718t, capaz de fazer 14 nós com vento relativamente forte, aguentando bem o mar alteroso e mais estável com 36 canhões, portanto, mais 4 que as anteriores e instalados no convés.

A partir de 1780, as fragatas passaram a deslocar 900 e mais toneladas até chegarem às 1.849 como a Fragata D. Fernando II e Glória de 1845 com cascos cobertos por chapa metálica e chumbo e depois com aço como a fragata couraçada francesa “Gloire” já com máquina a vapor.

A Marinha Portuguesa teve um grande número de boas fragatas, sendo a maior parte do tipo inglês, mas também algumas afrancesadas e travou com elas numerosos combates nas guerras do Século XVII e XVIII e, principalmente, contra os corsários argelinos e outros que quase nunca conseguiram levar a melhor.

 

 

 



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