O novo desenho de proa denominado Ulstein X-Bow representa a segunda maior revolução no desenho de cascos de navios desde o aparecimento do bolbo da proa, instalado pela primeira vez nos paquetes alemães Europa (1928) e Bremen (1929). Neste novo desenho, o bolbo da proa integra-se totalmente na proa e a roda da proa inclina-se para trás na parte acima da linha de água como é visível na foto do Oceanic Vega.
A vantagem deste revolucionário desenho da proa está demonstrada nos primeiros dois navios sísmicos construídos com esta inovação e em mais de 40 unidades já construídas ou em construção. Fundamentalmente, a proa X reduz a resistência hidrodinâmica ao avanço do navio e numa velocidade superior em condições de mar alteroso dado que o afundamento da proa é menor que nos navios com bolbo de proa, pois a roda da proa está sempre acima da superfície da água. O movimento do navio é mais suave em todas as condições de mar, o que permite um menor número de acelerações negativas e reduz o “peso” da água arrastada pela proa, induzindo uma apreciável economia de combustível.
Este tipo de proa foi inventado ou desenvolvido para resolver o problema dos navios sísmicos de pesquisas petrolíferas e conferir-lhes maior estabilidade nas situações de grande turbulência, daí ter sido desenvolvido pela empresa norueguesa Ulstein. O verdadeiro segredo da proa X consiste na distribuição volumétrica que permite uma redução do impacto da proa nas ondas ou superfície do mar, que significa reduzir o volume de água levantado que em mar bravo inunda os convés e parte das superstruturas. Além disso, a onda não é como que empurrada pelo bolbo da proa ou outros tipo de proa, mas cortada. A perda de velocidade em muitas rotas atlânticas com ondulação de 2,5 a 10,0 metros não passa dos 19%, ao contrário de outros navios quer perdem até 50%.
Em estudos e experiências em tanque ficou demonstrado que um porta-contentores desenhado para uma velocidade de 18 nós pouparia 7 a 18% de combustível em função da velocidade e das condições do mar, daí que muitos dos novos navios com propulsão diesel-elétrica estão a ser construídos com a proa Ulstein X-Bow.
A proa Ulstein X produz parte do efeito do bolbo da proa, mas em vez de o deslocamento formar duas ondas, a do bolbo e a do casco, forma uma só do casco-bolbo. Estas ondas são formadas pela água empurrada que forma uma onda (marola) e que é proporcional à velocidade do casco. Quanto maior a velocidade do casco, maior o comprimento da onda e há sempre uma certa velocidade em que o comprimento da onda é igual à do navio, tendo uma crista na proa e outra na popa. O navio navega na vaga desta onda à chamada “velocidade do casco”. Esta velocidade, em nós, é aproximadamente igual a 1,34 vezes a raiz quadrada do comprimento da linha d'água do casco, em pés.
O bolbo da proa dos navios atuais cria a sua própria onda, mais à vante e “fora da fase” em relação à onda criada pelo casco. Por isso, o bolbo cria a sua própria onda que diminui a onda do casco e o seu efeito de arrastamento. Nas proas X, estas são quase em
forma de bolbo, fazendo com que a sua onda seja a própria onda do casco e sobem mais sobre as ondas maiores, perfurando mais as menores ou a superfície lisa da água em mar calmo. O efeito é visível nas fotos, tal como o levantamento de
água para os lados e para cima do navio.
A função do bolbo é alterar a natureza da onda causada pela proa em movimento, com o fim de reduzir o arrasto induzido pela onda no casco. O bolbo
de proa cria sua própria onda, mais a vante e "fora de fase" em relação à onda criada pelo casco. Dessa forma, a onda do casco é reduzida, diminuindo o efeito do arrasto, mas há o choque das duas ondas, a do bolbo e a do casco, de que resulta uma terceira composta por ambas, mas não necessariamente somadas.
Antes de atingir a "velocidade de casco" o bolbo representa uma resistência de fricção extra do casco com a água. Quando o navio está descarregado, o bolbo aparece acima da linha de flutuação, como na primeira foto abaixo. O bolbo tinha como missão reduzir o mergulho da proa na onda relativamente
aos cascos com as proas simples dos navios mais antigos. A proa X reduz ainda mais o mergulho do navio na onda e permite conceber navios como os da foto com a ponte de comanda ligada à parte final e superior da roda da proa.
Artigo Publicado no Site da "Revista de Marinha"
Já os Vikings construiam proas semelhantes às modernas X-Bow também dos antepassados dos Vikings, os norugueses
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