Aqui o autor - Dieter Dellinger - ex-redator da Revista de Marinha - dedica-se à História Náutica, aos Navios e Marinha e apresenta o seu livro "Um Século de Guerra no Mar"

Sábado, 13 de Janeiro de 2007
A Coreia em 1950: De Novo a Guerra Quente seguida da Guerra Fria

 

O primeiro-tenente Baldomero Lopez, à frente do terceiro pelotão de “marines”, chegou rapidamente na sua lancha à muralha do porto de Inchon, na Coreia do Sul, então ocupada pelos coreanos do norte. Aos modos da Idade Média içou-se com espigões para o cimo da muralha do cais e rastejando com os seus subordinados atacou as duas pequenas casamatas de cimento ali colocadas pelos norte-coreanos, a primeira das quais foi silenciada com uma granada de mão. Depois o tenente tenta rastejar para a segunda e fazer o mesmo, mas a granada cai-lhe da mão e é segura pelo corpo para não matar os companheiros que prosseguiram o ataque vitorioso. O tenente de origem hispânica ficou destroçado, mas a 5ª Companhia de Marines prosseguiu com outras unidades nesse incrível desembarque num porto eriçado de defesas e desprovido de praias ou locais adequados de desembarque com um enorme diferencial de marés e muralhas de 3,6 metros de altura. Toda a zona de desembarque estava sob a mira de atiradores postados nas colinas que envolviam a área muito de perto.

 

 

 O assalto ao porto teve início pelas 17.30, já que para chegar à zona portuária, os marines norte-americanos tiveram de conquistar a ilha de Wolmi-Do que cobria toda a entrada do porto, ligada à terra firme por uma muralha cais,  o que foi feito com êxito logo pelas 8 da manhã. Depois, as forças atacantes tiveram de esperar oito horas pela maré-cheia, a fim de fazerem avançar as lanchas de desembarque para os dois flancos da zona insular com a missão de apertar em pinça os dois mil norte-coreanos que defendiam a cidade portuária de Inchon de um ataque que nunca acreditaram vir a ser desencadeado pelos norte-americanos.

Ao largo, 230 navios da 7º Esquadra do Pacífico e das marinhas inglesa, australiana, francesa, canadiana e neo-zelandesa bombardeavam as defesas de Inchon, enquanto os F9F “Panther” a jacto e os “Skyriders” e “Corsairs” a hélice flagelavam em contínuo todos os movimentos de forças militares inimigas em terra. Duas semanas antes, os homens rã da marinha americana, sob o comando do tenente-fuzileiro Eugene Clark, desembarcaram na foz do canal de navegação que conduz ao porto de Inchon e contactaram com intérpretes as populações locais que de imediato se organizaram num grupo de informações a transmitir ao Estado-Maior norte-americano instalado em Tóquio. Horas antes do desembarque, no ilhéu de Wolmi-Do, o grupo do tenente Clark apoderou-se do farol e conseguiu reacendê-lo para permitir a orientação das forças de desembarque.

Inchon foi conquistada a 15 de Setembro de 1950, seguindo as forças aliadas, ou das Nações Unidas, como então se designavam, para Seul, conquistada uma semana depois num ataque fulminante que apanhou os  norte-coreanos desprevenidos. A 19 de Outubro, as forças americanas e aliadas entravam em Pyongyang, enquanto que junto à costa leste que dá para o Mar do Japão, os aliados entravam em Hungnam, bem a Norte da antiga fronteira que cortou em esse país em duas partes.

O desembarque em Inchon foi, sem dúvida, uma operação militar magistral, inspirada e comandada pelo general Douglas Mc Arthur que, assim, transformou em pouco tempo uma situação de derrota total em vitória. Mostrou também como o poder naval pode alterar por completo uma situação militar terrestre com um desembarque em local bem escolhido e, naturalmente, limitadamente defendido.         

Os norte-coreanos tinham invadido a Coreia do Sul e ocupavam então toda a Península com excepção de um pequeno perímetro defensivo no extremo-sul do território. Aí, o que restava das forças sul-coreanas e algumas recém chegadas unidades norte-americanas esperavam a ordem para abandonarem o continente e abrigarem-se no vizinho Japão. Tudo parecia estar perdido para a Coreia do Sul desde que na madrugada de 25 de Junho de 1950, as tropas de Kim Il Sung, o ditador da Coreia do Norte,  atravessaram a fronteira com 135 mil homens e 150 carros blindados T-34, cilindrando os 95 mil homens da Coreia do Sul ainda desprovidos de qualquer blindado e de qualquer peça de artilharia de calibre superior a 105 mm. Na Coreia não se verificava a presença de forças norte-americanas.

 Em resposta ao pedido de auxílio do presidente Sigman Ree da Coreia do Sul, Trumann ordenou, cinco dias depois da invasão, a Mac Arthur, então o comandante das forças americanas estacionadas no Japão, que utilizasse todos os meios disponíveis para ajudar os coreanos do Sul.

A 7ª Esquadra com o porta-aviões Valley Forge da classe Essex apoiado pelo britânico HMS Triumph entrou logo em acção, atacando linhas de caminho de ferro, estradas, bases e forças em movimento, mas sem grande êxito.  Por sua vez,  a 1ª divisão de marines com o seu pouco equipamento e oito mil homens apenas foi enviada para Pusan, seguida de mais reforços em marines para dotar a unidade do efectivo de combate, enquanto divisões do 8º Exército norte-americano chegavam à Península, mas só para reforçar o perímetro defensivo na extremo do território, onde puderam estabelecer uma bem defendida ligação com a retaguarda situada no arquipélago do Japão, mas sem capacidade para arrancar para norte.

MacArthur vislumbrou com rapidez a situação estratégica e sabendo que as forças norte-coreanas tinham consumido muito material e abastecimentos, decidiu desembarcar muito a norte, junto à capital da República da Coreia, Seul, e cortar a retirada dos norte-coreanos, avançando pela Coreia do Norte para chegar ao rio Yalu que delimita a fronteira da Coreia com a China, então já sob a direcção do Mao Ze Dung.

Com o avanço das forças aliadas para as proximidades do rio Yalu o que determinaria a conquista total da Coreia, Mao Ze Dung,  o ditador chinês, resolve entrar na guerra e ordenar a participação de centenas de milhares de “voluntários” chineses mal armados e equipados no conflito. Durante algum tempo, os jovens chineses serviram literalmente de carne para canhão, expondo-se sem grandes meios e êxito às forças das Nações Unidas, predominantemente americanas. Mesmo assim, criaram um problema político-militar, pois os EUA não tencionavam entrar de novo numa grande guerra, cinco anos após o desfecho da II. Guerra Mundial, e, menos ainda, quando a força aérea soviética entrou na guerra com milhares de Migs 15.

Estes Migs 15 foram uma surpresa bem desagradável para os norte-americanos que não supunham serem os soviéticos capazes de construir tão rapidamente um caça moderno. Na verdade, os soviéticos aproveitaram o desenho alemão do Messerschmitt P.1101, corrigiram-lhe os defeitos e equiparam-no com as cópias do poderoso motor britânico Rolls Royce “Nene” que proporcionava um impulso de 6.000 libras. O governo trabalhista permitiu de uma forma benevolente a venda de alguns exemplares aos soviéticos para mostrar que nada teriam a temer das democracias ocidentais. Com isso, fez a URSS poupar entre cinco a dez anos para conseguirem realizar um motor como o turbo reactor Nene, cuja mecânica se mantém com pequenas alterações como o modelo de toda a motorização a jacto militar e civil até hoje.

 Após a conquista de Seul e Pyonyang, os norte-coreanos retiraram rapidamente para norte, a fim de não ficarem cercados no sul, enquanto as forças aliadas avançaram mais um pouco para o Norte, mas acabaram por se retirar para a antiga fronteira entre as duas Coreias e mantiveram durante quase três anos uma guerra mais aérea que terrestre até que, após longas conversações, se chegou a um acordo de cessar-fogo que restabeleceu a ordem inicial, não deixando nada mais aos norte-coreanos que o território que possuíam anteriormente. A divisão da Coreia, como da Alemanha, resultou apenas da presença em certas áreas de forças soviéticas de um lado e norte-americanas de outro no fim da II. Guerra Mundial.  Nada tinha pois a ver com divisões nacionais ou vontade das populações que nunca foram chamadas a pronunciar-se sob o seu futuro como nações unidas ou desunidas.

Inchon foi, sem dúvida, a maior operação naval depois da II. Guerra Mundial até à Guerra das Malvinas.

 Depois de 1946, os mares passaram a estar sob o domínio norte-americano e nunca mais foram palco de guerra a não ser nas orlas costeiras em que o elemento naval acompanhava as operações terrestres nas duas guerras do Vietname, na Coreia e nas muitas guerras coloniais e israelo-árabes, mas sempre com um papel secundário, excepto nas Falklands/Malvinas.

Na segunda metade do nosso Século, a marinha norte-americana veio substituir a britânica e esta como as dos restantes países aliados na Nato foi diminuindo em unidades e efectivos dado o aumento explosivo dos custos dos materiais navais e aero-navais.

De resto, a Coreia mostrou que não vale a pena enfrentar uma potência como os EUA, repetindo um qualquer Pearl Harbor, em zona não defendida pelos americanos, pois a moderna capacidade transporte de forças e armas permite aos americanos colocarem no terreno forças superiores num curto intervalo de tempo. Naturalmente, desde que esse terreno não fique muito distante do mar e hoje já nem isso como se provou com a conquista do Afeganistão.

A guerra na Coreia não se saldou por uma vitória completa dos EUA por não querem estes entrar em conflito com duas potenciais gigantes, a China e a URSS, mesmo que não em meios técnicos e armas, mas, pelo menos, em populações e área geográfica.

                                        

 

 

O McDonnell F2H Banshee foi a versão naval do FH-1 Phantom e, como tal, o primeiro avião a jacto utilizado pela marinha americana nos seus porta-aviões.

Foi também o primeiro avião a abater um Mig-15 russo.

Era um excelente avião equipado com o motor Rolls Royce Nene importado ou fabricado nos EUA sob licença. Atingia a velocidade máxima de 928 Km/h e a velocidade de cruzeiro era de uns 750 Km/h. Podia voar um pouco mais de 2.000 Km, o que era notável e vinha armado com 4 canhões de 20 mm. Começou a ser entregue à Navy em Agosto de 1948.

                                   A GUERRA FRIA NAVAL

 

 

A URSS pretendeu fazer frente aos EUA com uma gigantesca armada de submarinos apoiada por numerosas unidades de superfície, tendo chegado a adquirir os primeiros porta-aviões daquilo que deveria vir a ser um poderoso vector naval-aéreo complementado por uma capacidade em mísseis que se julgava ser sempre muito superior ao que foi afinal.

 Efectivamente, já em 1945 Estaline ordena a realização de um importante plano naval apesar de a URSS estar devastada. O fulcro do mesmo seria formado por três poderosos cruzadores de batalha da classe Stalingrad, cuja construção foi iniciada em 1951 e 1952, mas que acabaria por ser cancelada, indo os cascos parcialmente construídos para a sucata. Obedeciam à falhada estratégia alemã dos grandes corsários tornados ainda mais inoperantes dado o desenvolvimento dos meios aéreos.

Foi o próprio almirante Kutznetzov que pediu ao ditador para suspender a construção desses navios de 42.300 toneladas a equipar com artilharia clássica. Não conseguiu convencer o ditador a suspender o programa de cruzadores com desenhos dos anos trinta que foram construídos nos finais dos anos quarenta.

  Os ensinamentos da recém terminada guerra aconselhavam a seguir por outros caminhos. A arma submarina acabou por ser a preferida pelos comandos navais, apesar de que o ditador tinha uma preferência pelos navios grandes; via neles uma espécie de brinquedos e gostava de se pavonear vestido de almirante pelas pontes de comando, tal como o fizeram nos seus tempos o Czar Nikolau ou o Kaiser Guilherme II. O poder ditatorial tem sempre uma faceta infantil porque dá uma excessiva liberdade isenta de críticas ao ditador do momento e, neste aspecto, comunismo, nazismo, fascismo e imperialismos monárquicos não se diferenciaram muito entre si.

Na construção de submarinos, os soviéticos atingiram números que nem a Alemanha Nazi superou, incluindo mesmo desenhos obsoletos. Assim, entre 1946 e 1950 foram construídos 60 submarinos das antigas classes S e MV de antes da guerra e completamente ultrapassados pelo progresso técnico verificado no decurso da II. Guerra Mundial. Nos anos posteriores foram construídos 376 submarinos diesel-eléctricos dos projectos 611 (“Zulu”), 613 (“Whiskey”), 615 (“Quebec”),  633 (“Romeo”) e 641 (“Foxtrot”) num valor superior a 15 mil milhões de euros ou mais de 3 milhões de viaturas automóveis que poderiam servir mais os interesses da classe operária que os submarinos sem vantagens estratégicas, já que o transporte aéreo estava a reduzir o efeito do transporte marítimo em caso de guerra.

Até 1994, os soviéticos construíram mais 325 submarinos, a maior parte dos quais nucleares com muitos lança-mísseis, incluindo os gigantescos do Projecto 941 “Akula”, designado pela NATO por “Typhon”, deslocando 25 mil toneladas, autênticos cruzadores de batalha submarinos. O custo desta armada deverá ter ultrapassado os 500 mil milhões de euros, quase tanto como 100 milhões de viaturas médias ao preço de fábrica.

A marinha soviética pode ter custado tanto como 2.500 mil milhões de euros, o suficiente para abastecer todos os lares da extinta União Soviética pois incluiu ainda milhares de navios de todos os tipos. Sem esta e outras despesas militares, o regime comunista teria, sem dúvida, sobrevivido e até esse império colonial que foi a União Soviética ainda poderia existir com uma população a gozar de um nível de vida semelhante ao dos belgas, por exemplo.

Com a dissolução do regime e da URSS em 1991, a marinha foi vetada ao abandono até porque durante anos ficou indefinida a repartição dos meios navais entre a Federação Russa e a Ucrânia, país que liberto das grilhetas não quis investir muito em meios bélicos.

Na chamada “guerra fria” entre os blocos comunista e ocidental e limitado à corrida aos armamentos e às guerras de descolonização, todas as vitórias do chamado mundo comunista foram a consequência da sua derrota final. Assim, as despesas em armamento não permitiram aos soviéticos estabelecer as bases de uma sólida economia civil, levando-os a perder a corrida ao consumo. E, por outro lado, o armamento soviético aliado ao bem sucedido apoio às descolonizações produziu esse interessante fenómeno política que foi o da construção da União Europeia, o bloco mais rico e dos mais fortes da Humanidade. Tão forte que não necessita de grandes investimentos em meios militares.

Se a corrida ao armamento destruiu a URSS, não sucedeu o mesmo com os EUA, cujo Produto Interno Bruto chegou a ser quase dez vezes superior ao da URSS e, além disso, os americanos tiraram partido dos desenvolvimentos militares ao lucrarem com os efeitos civis em termos de aviação, electrónica e informática, etc.

Recorde-se aqui que o PIB da gigantesca Ucrânia com 60 milhões de habitantes é inferior a metade do PIB português do início do Século e é o baixo nível do PIB que torna as despesas militares incomportáveis, fazendo Estados como a URSS serem cilindrados pelos orçamentos das suas forças militares, as quais se destinavam a projectá-los como grande potência militar.

Em 1992, os governos da Federação Russa e Ucrânia retiraram a marinha do âmbito das “forças estratégicas”. Já então, a marinha estava reduzida a uma quase força costeira com muitas unidades importantes mas antiquadas e outras tantas vendidas para a sucata como aconteceu aos porta-aviões que estavam em construção. Também as exportações do material naval para muitos países do Mundo ajudaram e ajudam ainda os russos e ucranianos a pagar os salários do seu pessoal naval.

E afinal, terminada a corrida aos armamentos, nem as antigas nações do Pacto de Varsóvia foram invadidas, nem outras. A Paz não resultou de equilíbrios de forças gigantescas, mas tão só de os dirigentes não quererem fazer a guerra e será sempre assim no futuro.

 

 

 

O submarino Severodvinsk (Projecto 971 Akula) de 1985 ao lado do Komsomolets (Projecto 685 Plavnik) de 1983 numa base do Ártico Russo, então ainda URSS.

O Komsomolets afundou-se em 1989, apesar de ser um submarino para navegar a 1.000 metros de profundidade.

 

 



publicado por DD às 22:22
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